Monitoramento feito pelo Projeto Ecológico de Longa Duração Costa dos Corais (Peld CCAL) não detectou a presença de petróleo cru nas Zonas de Preservação da Vida Marinha (ZPVMs) e de Visitação (ZVs) de Maragogi e Japaratinga, dois dos municípios mais atingidos pelo derramamento de óleo em Alagoas. O desastre ambiental afetou o litoral Nordestino e parte do Sudeste.

Conforme o Plano de Manejo da APA Costa dos Corais, as ZVs são as áreas destinadas ao uso turístico empresarial ou de base comunitária. É justamente nesses locais que ficam as piscinas naturais, maiores atrativos turísticos dos municípios litorâneos, no Norte de Alagoas.
Já as ZPVMs são definidas pelo Plano de Manejo como áreas de proteção, onde não é permitida nenhuma atividade antrópica (resultante da ação do homem), exceto pesquisa autorizada.
Nessa área, o ambiente permanece o mais preservado possível, representando o mais alto grau de preservação da Unidade de Conservação (UC). Tem importante papel como matriz de repovoamento de diversas espécies da fauna e flora marinha estuarina.
Expedição
A expedição do Peld foi a campo entre os dias 10 e 15 de dezembro, em nova etapa de monitoramento dos recifes da APA Costa dos Corais. Os resultados prévios, porém, mostram que ainda há fragmentos de óleo depositados em tocas e fendas dos recifes em Barreiras do Boqueirão, numa área de aproximadamente 900 m2.

Alguns pequenos fragmentos também foram encontrados na areia das praias, tanto em Japaratinga como em Maragogi.
“Felizmente nenhum fragmento de óleo foi encontrado depositado nos recifes dentro das ZVs e ZPVMs, em ambos os municípios das áreas monitoradas pelo Peld, e os corais não apresentaram sinais de mortalidade associados ao óleo”, comemorou o coordenador de campo do Peld, Ricardo Miranda.
O objetivo geral do trabalho é monitorar as condições de vitalidade, abundância e tamanho dos corais e outros invertebrados e peixes recifais nas áreas do zoneamento da APA Costa dos Corais, estabelecidas pelo ICMBIO (ZVs e ZPVMs), em Maragogi e Japaratinga.
Foram ainda foco da expedição a avaliação dos impactos do derramamento do óleo e a quantificação do óleo remanescente nos recifes, os efeitos do aquecimento da água no branqueamento dos corais, o efeito do turismo sobre as enzimas e estresse oxidativo e sobre a riqueza e abundância dos peixes recifais.
Diversas metodologias foram utilizadas, bem como a instalação de sensores de temperatura.
A equipe colaborou, ainda, na sugestão de pontos específicos onde o óleo estava depositado, numa ação coordenada pela secretaria de meio ambiente de Japaratinga em parceria com o IMA e financiada pelo Hotel Salinas de Maragogi, no dia 10, na qual cerca de 30 pessoas atuaram na remoção do óleo na areia da praia do Boqueirão.
Temperatura da água
Em relação ao branqueamento dos corais, foi possível registrar já algumas espécies com coloração branca como o coral-de-fogo (Millepora braziliensis e Millepora alcicornis) e o coral-cérebro (Mussismilia harttii), o que pode estar associado ao aumento de temperatura da água, que atingiu cerca de 28°C.
Embora o aumento da temperatura seja normal durante o verão, esse ano é esperada uma elevação acima do normal de até 31°C, o que pode causar o branqueamento em larga escala e até a morte dos corais.

A equipe informou que continuará monitorando essa condição durante e depois do verão, com sensores de temperatura instalados nos recifes para registrar continuamente esse aumento durante o verão.
Sobre os peixes, foi possível registrar uma maior quantidade e diversidade de espécies nos recifes das áreas restritas as atividades de pesca e turismo (ZPVM), como a espécie de budião (Scarus zelindae), por exemplo.
A expedição foi coordenada por Ricardo Miranda e contou, ainda, com estudantes do Laboratório de Ecologia Bentônica (Valberth Nunes, Anamaria Bruno, Julia Paulina, José Bispo, Lucas Dantas e Mayra Beltrão) e do Laboratório de Ictiologia e Conservação (Tiago Albuquerque, Gabriel Smith e Flávio Ferreira), coordenados pelos professores Taciana Kramer e Cláudio Sampaio.
Nessa expedição, o Peld Costa dos Corais contou com o apoio logístico das embarcações do Pontal de Maragogi e da Pousada Albacora. O projeto tem ainda o financiamento das atividades por FAPEAL, CNPQ e CAPES, além da parceria do ICMBio APACC e Projeto Conservação Recifal.
Com informações e fotos da Comunicação Peld CCAL