
A semana que se encerra trouxe uma boa notícia no campo ambiental. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) registrou, na terça-feira (15), a presença de mais um filhote de peixe-boi marinho (Trichechus manatus manatus) dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais. O nascimento do oitavo filhote gerou grande alegria para toda a equipe, assim como para os parceiros que fazem parte desta história.
“A nova mamãe é a Luna e esse, o 8º filhote do programa de reintrodução de peixes-bois”, informou o chefe da APA Costa dos Corais, Iran Normande.
O programa de reintrodução de peixes-bois no Brasil, realizado pelo ICMBio com a ajuda de parceiros, começou em 1994 com a reintrodução de dois animais em Paripueira (AL). Nestes anos, 44 peixes-bois resgatados pelas instituições da Rede de Encalhe de Mamíferos Aquáticos do Nordeste (REMANE) e reabilitados pelo ICMBio foram devolvidos à natureza.
O primeiro sítio de soltura e o único atualmente em atividade no Brasil está localizado dentro da APA Costa dos Corais, no rio Tatuamunha, em Porto de Pedras (AL). Dentre os animais soltos, 19 (43%) foram fêmeas e 25 (57%) machos. Dentre as fêmeas reintroduzidas, 15 (79%) foram soltas na APA da Costa dos Corais e 4 (21%) na Área de Proteção Ambiental da Barra de Mamanguape, Estado da Paraíba.
Até agora, foram registrados o nascimento de oito filhotes no período, entretanto somente quatro fêmeas foram responsáveis por estes nascimentos, sendo a fêmea Lua com quatro parições e Tuca com duas; a fêmea Áira com apenas uma parição e agora Luna, também em sua primeira.
Dentre os filhotes registrados, todos nasceram com vida, porém dois vieram a óbito poucos dias depois do nascimento. Importante destacar que após os dois primeiros registros que vieram a óbito, as atividades de conservação foram a cada ano mais aprimoradas e todos os demais nascimentos vêm sendo realizados com sucesso.
Nestes casos, o atendimento imediato da equipe, assim como o grande trabalho socioeducativo realizado nas comunidades, vem sendo o grande diferencial. Luna, a nova mamãe, foi resgatada em 29 de agosto de 2005, na praia de Canoa Quebrada, Estado do Ceará.
Depois do resgate, a fêmea foi transportada para a base do ICMBio na Ilha de Itamaracá, onde permaneceu com cuidados veterinários durante a reabilitação, até 1 de maio de 2008. Nesta data, ela foi transportada para o cativeiro de aclimatação em Porto de Pedras. Ela estava entre o primeiro grupo de animais que foi transportado para este cativeiro, construído conjuntamente pelo ICMBio e Fundação Mamíferos Aquáticos, exclusivamente para o recebimento dos animais em processo final de reabilitação, para posterior soltura.
Estresse
Luna foi liberada na natureza em 9 de novembro de 2008, após um período no cativeiro em ambiente natural, onde pode aprender a sobreviver nas condições naturais, tais como presença de outras espécies, mudança de maré e temperatura. Apesar de comportamento de grande interação antropogênica, Luna sempre teve uma boa adaptação no ambiente natural, interagindo com outros animais com sucesso na busca de alimentação e água.
Cerca de 1 anos atrás, Luna foi vista pela equipe do ICMBio em comportamento de cópula com outros animais reintroduzidos. Nos últimos meses, ela não estava sendo avistada pela equipe. Havia a suspeita de prenhes da fêmea, confirmada no dia 15 de agosto de 2017, quando Luna foi encontrada no rio Manguaba, em Porto de Pedras, junto com um filhote.
Para evitar estresse aos bichos, a equipe não irá realizar o manejo dos dois animais, até que tenham melhor condição para este tipo de atividade. Entretanto, estima-se que o recém-nascido possua, no máximo, 15 dias de vida. O sexo do filhote, porém, não foi verificado ainda.
A equipe veterinária e de monitoramento irá realizar uma avaliação prévia, sem retirada do animal da água nos próximos dias. Além disso, as equipes do ICMBio e da Associação Peixe-boi estarão de prontidão acompanhando mãe e filhote, prontos para o imediato atendimento, caso necessário, evitando uma interação das pessoas com os animais.
O ICMBio solicita que caso os animais sejam vistos, não se forneça nenhum tipo de alimento ou água. É importante não tocar e nem se aproximem da mãe, assim como do filhote, evitando qualquer tipo de interação. No caso das embarcações presentes na região, solicita-se maior atenção durante o trânsito e, em caso de avistamento dos animais, que sejam desligados os motores até a passagem deles.
Mais informações:
82-3298-1346 (Base ICMBio Porto de Pedras/AL)
81-3544-1948 (Base ICMBio Itamaracá/PE)
Com assessoria ICMBio