A Instância de Governança da Região dos Quilombos entregou, no final de março, durante o encerramento do II Encontro dos Secretários Municipais de Turismo, uma carta de intenções à secretária de Estado do Turismo, Danielle Novis. O documento apresenta reivindicações para que de fato a atividade turística se estabeleça e se desenvolva de forma regionalizada na Zona da Mata alagoana.
De acordo com o recorte do plano estadual de turismo, a Região dos Quilombos é composta por 23 municípios. Sete deles (União dos Palmares, Murici, São José da Lage, Ibateguara, Colônia Leopoldina, Mar Vermelho e Viçosa) encabeçam o movimento e já estão com planos e metas definidas afim de desenvolver os segmentos do ecoturismo, do turismo de aventura, gastronômico e cultural.
“A Região dos Quilombos é a bola da vez do turismo alagoano”, aposta a secretária municipal de Turismo de União dos Palmares, Jacineide Maia. A carta lista as potencialidades de cada município, todos interligados pelo viés da cultura afro-brasileira, espraiada por onde se estendeu o Quilombo dos Palmares e seu mocambos.
“Um caminho de muitas histórias e que envolve etnia, cultura, natureza, ecologia, aventura e observação de aves. Em todo o trajeto da região, o turista pode conhecer um pouco da cultura remanescente dos negros quilombolas, como artesanato, danças e culinária”, diz um trecho da carta.
União encabeça a lista e, como não poderia deixar de ser, apresenta como atrativo maior a Serra da Barriga. Oferece ainda o artesanato produzido pela comunidade quilombola do Muquém e envereda pela gastronomia.

Viçosa traz sua riqueza folclórica, suas cachoeiras, dentre as quais a do Anel e Dois Irmãos, na serra onde Zumbi encontrou seu último refúgio antes de ser fulminado pelas tropas de Domingos Jorge Velho.
A Atenas Alagoana, como é conhecido o município de Viçosa, já possui bons estabelecimentos hoteleiros com destaque para os hotéis-fazenda e se prepara para ganhar em breve um Centro de Convenções instalado pela prefeitura.
A lista das potencialidades e atrativos segue com o clima serrano de Mar Vermelho, a “Suíça Alagoana”, e de Ibateguara, a “Terra do Frio”; entra por Murici, o “Celeiro das Aves” que habitam a Unidade de Conservação da Mata Atlântica; prossegue com os atrativos históricos e religiosos de São José da Laje e Colônia Leopoldina.
Para que tudo aconteça, porém, é preciso atacar e viabilizar quatro pontos cruciais, na avaliação dos secretários municipais de turismo. São eles: acesso, sinalização turística, plano de marketing e capacitação da rede turística e hoteleira.
Ao receber a carta de intenções, a secretária de Estado do Turismo, Danielle Novis, garantiu que vários pontos em questão já se encontram em andamento, a exemplo da sinalização turística, porém, há solicitações que são de responsabilidade de outras pastas, mas assegurou que estará à frente das ações na articulação com os parceiros.
Minha opinião
A Instância de Governança da Região dos Quilombos não é a panaceia que irá resolver todos os problemas que até agora atravancaram o turismo na rica Zona da Mata alagoana, mas se constitui em caminho viável para que a atividade, enfim, aconteça.
Para que haja turismo porém é preciso que o tripé REDE HOTELEIRA, ATRATIVOS E INFRAESTRUTURA, esteja bem fixado. Por exemplo: não se pode vender um destino turístico desprovido de estradas eficientes e em perfeito estado de conservação. Por isso, o acesso à Serra da Barriga se faz imprescindível.
Outras rodovias precisam sair do papel, a exemplo da estrada que interliga os municípios de Murici, Capela e Atalaia; que faz a ligação entre União dos Palmares, Branquinha e Viçosa, além da retomada da construção da BR-416, alça viária que deveria interligar a BR 101 a 104, por entre os municípios de Ibateguara e Colônia Leopoldina.
Iniciada em 2002, a rodovia permanece inacabada e sem cumprir sua finalidade até hoje. Leia mais sobre este assunto no link: http://gazetaweb.globo.com/gazetadealagoas/noticia.php?c=220132
Por fim, as prefeituras também devem fazer o dever de casa: cuidar melhor das cidades o que significa tornar eficiente a limpeza urbana, fazer valer as diretrizes dos planos diretores, ordenar o trânsito, entre outras obrigações.
A rede hoteleira, apesar de tímida, dá sinais de crescimento na região. Já os inúmeros atrativos são como jóias brutas que precisam, apenas, de lapidação. Então, mãos à obra!
Pontos da Carta de Intenções entregue à Setur
- Acesso
.Serra da Barriga ao Parque Memorial dos Quilombos dos Palmares – 9 km
.Murici – Capela-Atalaia – 25 km
.União – Branquinha -Viçosa – 48 km
.Colônia de Leopoldina – Canastra 12 km
- Sinalização Turística
. Posto de Informação Turística padronizado para a região.
- Plano de Marketing
. Folheteria para a Copa do Mundo em dois idiomas
. Poster da Região dos Quilombos no Aeroporto Zumbi dos Palmares
- Capacitação
- Instalação da TV Educativa na Região dos Quilombos.