
Esperar nunca é bom. A travessia de balsa do Rio Manguaba, entre Porto de Pedras e Japaratinga, nos compele a exercitar a paciência. O serviço deixa a desejar, é medonho às vezes, sobretudo em dias de grande movimento como nos feriadões. Filas e mais filas de veículos se formam nas duas margens, à espera do embarque.
Uns defendem a construção de uma ponte no local, outros são contrários à obra; acreditam que o isolamento é capaz de conservar aquele pedaço de paraíso, do outro lado do rio: Porto de Pedras, São Miguel dos Milagres e Passo do Camaragibe, com suas praias semi-desertas.
Polêmica e impaciência à parte, o certo é que a travessia de balsa nos dar a oportunidade de contemplar a natureza. Cansado, voltando para casa depois de um dia inteiro de entrevistas na Rota Ecológica, fui contemplado com um pôr do sol magnífico.
A luz branda do astro-rei se escondendo no horizonte, por trás da linha do coqueiral, lançava tintas na tela celeste. À minha direita, o caudaloso Manguaba se encontrava com o mar: águas salobras, singradas pelo barquinho vigiado do alto pelo farol de Porto de Pedras. Do outro lado da margem, já em terra firme, cheguei à conclusão de que, às vezes, esperar é preciso; correr, não é preciso.