A Mancha: série de tirinhas recorda maior desastre socioambiental do litoral do Brasil e cobra respostas

Em 30 de agosto de 2019, surgiam as primeiras manchas de óleo cru em praias do Nordeste. Para cobrar respostas e a responsabilização acerca da maior tragédia socioambiental do litoral brasileiro, prestes a completar um ano, o Instituto Bioma Brasil e o projeto de divulgação científica “A Bordo do Beagle” lançaram a série de tirinhas intitulada “A Mancha”.

Divulgação

A história relembra que, de agosto de 2019 a janeiro de 2020, um total de 11 estados costeiros (09 no Nordeste e 02 no Sudeste), 130 municípios e 1.009 localidades foram atingidas por toneladas de óleo cru. A série conta com cinco tirinhas publicadas no feed dos perfis do Instagram da organização não-governamental (@intituto_biomabrasil) e do projeto (@abordodobeagle).

O professor Clemente Coelho Junior, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Pernambuco (UPE), foi um dos naturalistas que participaram da construção da série. Ele falou ao Blog da Costa dos Corais sobre os impactos socioambientais gerados pelo derramamento de óleo bruto no litoral brasileiro.

“Os impactos sociais estão relacionados à diminuição da renda das comunidades atingidas e ao risco à saúde, agravados agora pela Covid-19. Do ponto de vista ambiental, temos o impacto crônico: a decomposição do óleo, libertando moléculas tóxicas. Ainda não se tem a exata dimensão do desastre; pesquisas estão em andamento, mas a literatura aponta para o impacto sobre a cadeia alimentar dos ecossistemas costeiro-marinhos e bioacumulação”, relatou Clemente.

Aproximadamente 870 mil pessoas empregadas na pesca artesanal e no turismo local foram prejudicadas pelo desastre. Na Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, 20 mil pescadores de 40 comunidades foram afetados. Os primeiros pontos de derramamento ocorreram nas praias de Jacumã e Tambaba, município do Conde, na Paraíba.

A série recorda, ainda, que “as manchas órfãs de óleo” vieram pela Corrente Sul Equatorial, derivando para o norte e para o sul do Brasil, conforme as condições oceanográficas locais, atingindo áreas muito sensíveis às perturbações antrópicas (provocadas pelo homem), como recifes de corais e manguezais, além de bancos de gramas marinhas e praias.

A publicação alerta que o petróleo é um composto muito tóxico para os organismos e para o ser humano. Centenas de animas foram afetados, alguns chegando a óbito.

“O governo brasileiro deveria ter acionado o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo em Águas sub Jurisdição Nacional (PNC, 2013). Diversos estudos apontaram como causa da tragédia, um incidente com navio petroleiro que ocorreu em alto-mar, possivelmente há centenas de quilômetros da costa brasileira. O governo iniciou investigação para descobrir o responsável, mas até hoje não apresentou respostas”, finaliza a publicação.

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