Por Plínio Guimarães
O turismo interno será o grande vetor da retomada da atividade turística e da redução das perdas do setor no Brasil. Esse é um dos consensos entre os representantes das maiores redes de hotéis em operação no país. Por isso, todas as atenções dos profissionais de marketing, que atuam na área, estão sendo voltadas para o mercado interno, já que as perdas são grandes e os mercados de eventos e turismo receptivo internacional deverão demorar a retomar o fluxo anterior à crise.
Segundo levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), nos últimos três meses, as perdas de receitas no turismo foram da ordem de R$ 88 bilhões. Quando comparado com a média mensal de receitas das atividades que compõem o setor de turismo, nos dois meses anteriores à pandemia, as perdas em março foram de R$ 13,38 bilhões, em abril de R$ 36,94 bilhões e em maio de R$ 37,47 bilhões.
Essas perdas no setor acenderam o sinal de alerta dos empresários, especialmente dos grandes grupos hoteleiros. Nos dois primeiros meses da crise pandêmica os especialistas do turismo, ao comparar a situação brasileira com a de outros países com características de mercado turístico similares ao Brasil, acreditavam que em meados de junho e início de julho a situação do fluxo de turistas começaria a voltar à normalidade.
A Intercity Hotels imaginava que o retorno das atividades no Brasil ocorreria ainda neste mês. Hoje, o CEO da rede, Alexandre Gehlen, trata a retomada como lenta e dolorosa.
“Quando tudo isso aconteceu lá no final de março, nós imaginávamos que junho seria o período de retomada. Hoje, passados 60 dias, a gente está entendendo que o Brasil é muito diferente dos outros países; é um país que vai empurrar essa curva para frente. Nossa retomada vai ser mais lenta e, possivelmente, mais dolorosa de que todos esses países em que a gente tem se inspirado,” disse Alexandre Gehlen.

Hoje, já há um consenso de que a crise é longa e que para as grandes redes hoteleiras a situação só vai se estabilizar em um período de 15 a 18 meses, quando os empreendimentos deverão voltar a obter lucro em suas operações e garantir a rentabilidade para os investidores. Até lá, a ordem é buscar a união dos diversos segmentos que compõem o setor turístico, quebrar paradigmas e inovar para reduzir as perdas e garantir, no mínimo, a sobrevivência dos empreendimentos.
Essa foi a tônica de encontro virtual de CEOs das principais redes de hotéis em atuação no Brasil, que se reuniram para debater os planos para a retomada das atividades de seus empreendimentos. O evento realizado no último dia 10 de junho foi organizado pelo Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), entidade associativa sem fins lucrativos que reúne 21 redes hoteleiras nacionais e internacionais.
Na ocasião, também foram apresentados os principais resultados dos trabalhos desenvolvidos por um grupo criado pelo FOHB, denominado de G8, que se reúne desde maio. O G8 é formado por representantes da hotelaria tradicional (ABIH, Resorts Brasil e o próprio FOHB), da hotelaria de luxo (BLTA), dos parques temáticos e de diversões, dos destinos turísticos e das entidades sindicais patronais (FBHA).
Para o presidente do FOHB, Orlando de Souza, a criação desse grupo foi fundamental para a defesa dos interesses do setor diante das dificuldades que estão enfrentando ao longo da crise.

“Juntamos esse grupo, que chamamos de G8, e começamos a endereçar todos os nossos pleitos e todas as nossas articulações através do G8. Isso criou uma sinergia enorme, isso conseguiu fazer que, pela primeira vez, esse ramo que nem sempre era muito lembrado no turismo, pois só se falava das agências, das operadoras, se falava das aéreas, se falava de um monte de coisas, até dos cruzeiros marítimos, mas a hotelaria e parques eram quase que como um apêndice. Acho que hoje conseguimos levantar esse tema e temos uma representatividade bastante significativa e conseguimos endereçar uma série de pleitos junto ao Governo Federal”, declarou Orlando de Souza.
Ao longo desta semana, o Blog da Costa dos Corais dará sequência, por meio de novas postagens, a esta reportagem especial acerca de como se dará o “novo normal” para as grandes redes hoteleiras do Brasil, tratando de temas como: a importância da implementação dos protocolos sanitários, a prorrogação da MP 936 e o futuro da hotelaria no pós-pandemia.
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