Alta do dólar favorece o turismo em Maragogi

Na edição de domingo (27) da Gazeta de Alagoas, escrevi reportagem sobre os efeitos positivos – isso mesmo – positivos, da alta do dólar para a atividade hoteleira do município de Maragogi, considerado o segundo maior polo turístico de Alagoas. Confira!

Entre Cancún e Maragogi, grupo de turistas de São Paulo optaram pelo destino alagoano (Fotos: Carlos Rosa)
Entre Cancún e Maragogi, grupo de turistas de São Paulo optou pelo destino alagoano (Fotos: Carlos Rosa)

A crise econômica não tem espaço debaixo do guarda-sol da rede hoteleira de Maragogi, no Litoral Norte de Alagoas. Se a turbulência atinge praticamente todos os setores da economia nacional, para o turismo os ventos sopram a favor. A taxa média de ocupação dos leitos de hotéis e pousadas associados ao Costa dos Corais Convention & Visitors Bureau (CCC&VB) nos meses de julho e agosto saltou de 69% em 2014 para 77.33% em comparação com o mesmo período desse ano. E olhe que a alta estação nem começou.

A elevação do dólar e a necessidade de cortar gastos fizeram com que muitos turistas brasileiros optassem por destinos nacionais, em detrimento das viagens ao exterior, que se tornaram mais caras com a moeda norte-americana irrompendo os R$ 4. Foi o que fez o contabilista e gerente financeiro Luiz Tonetto, 57 anos.

Entre Cancún, no México, e Maragogi, ele, a esposa e outros dois casais de Sumaré, no interior de São Paulo, não pestanejaram e optaram pelo destino alagoano. Os custos, incluindo a hospedagem de cinco dias em uma pousada, caíram pela metade em comparação ao destino internacional.

Por aqui, vão fazer o que mais gostam: aproveitar as praias e realizar o mergulho autônomo em um naufrágio, serviço oferecido por empresas credenciadas em um mar que nada deixa a desejar ao do Caribe.

Tonetto revela que gastos com a viagem nacional caiu pela metade
Tonetto revela que gastos com a viagem nacional caíram pela metade

“Iríamos para um evento internacional em Cancún, mas devido à alta do dólar, optamos por um destino local que tivesse condições apropriadas para o mergulho e a diversão. A gente viu reportagens na TV sobre Maragogi e São Miguel dos Milagres, aqui mesmo em Alagoas. Seriam duas opções e escolhermos Maragogi”, disse Tonetto.

Os efeitos da crise também favorecem o turismo regional, aquele feito por pessoas em suas próprias regiões de origem, no caso, o Nordeste. De férias, o metalúrgico Reginaldo Lima, 46, e a esposa Ana Paula compraram um pacote de quatro dias em uma pousada de Maragogi. Eles são do Recife (PE), a 130 km do destino alagoano.

“Saiu um pacote mais econômico. A gente uniu o útil ao agradável. Como minha esposa vinha a trabalho e eu estou de férias, resolvemos ficar por aqui. Eu conhecia Maragogi apenas de passagem. A gente gostou muito. Já estamos planejando, no ano que vem, a volta. Meus amigos falam muito bem de Maragogi, que as praias são excelentes. Recebemos diversas recomendações”, declarou Lima, refestelado em uma cadeira, de frente para o mar da praia de Burgalhau.

Um site especializado em viagens apontou, recentemente, “cinco paraísos naturais” no Brasil para se conhecer diante da alta do dólar e do encarecimento das viagens internacionais. As piscinas naturais de Maragogi, ao lado de atrativos como a Baía dos Porcos, em Fernando de Noronha (PE), é um dos destinos sugeridos.

“As famosas piscinas naturais de Maragogi surgem conforme a movimentação das marés e atraem dezenas de turistas diariamente que chegam pelos tradicionais catamarãs. Para curtir ao máximo a água azul-turquesa repleta de peixinhos coloridos, a dica é levar snorkel para um mergulho”, sugere o site.

Bom momento

Vergínia diz que Costa dos Corais vive bom momento (Foto: divulgação)
Vergínia diz que Costa dos Corais vive bom momento (Foto: divulgação)

A presidente do Costa dos Corais Convention & Visitors Bureau (CCC&VB), Vergínia Stodolni, disse que a hotelaria de todo o Litoral Norte de Alagoas, especialmente Maragogi, “vive um momento muito bom”, mas se mostrou cautelosa quanto ao futuro da economia nacional e seus efeitos sobre o turismo.

Segundo ela, existe um clima de incertezas com relação aos rumos do mercado.

“Notamos agentes de viagem muito otimistas por causa da alta do dólar, pessoas com o pé no chão e outras bastante pessimistas com o futuro do mercado. Ainda não dá para vislumbrar o que vai acontecer de agora em diante, mas o fato é que estamos numa situação privilegiada. Maragogi é o sonho de consumo de muita gente no Brasil. O destino Costa dos Corais, como um todo, vive um momento muito bom. A ocupação em São Miguel dos Milagres está excelente, a exemplo daqui”, citou Vergínia.

A gerente comercial de um resort instalado em Maragogi, Susana Villanueva, observa que há vários perfis econômicos de brasileiros que viajam ao exterior e que a manutenção ou substituição de destinos turísticos internacionais por nacionais acontece de forma estratificada.

“O brasileiro que sempre foi para fora do País continuará indo para destinos mais caros. O brasileiro médio migrou para viagens internacionais curtas, onde pode pagar em Reais. Teve um segmento que resolveu migrar para os resorts. E aí nosso destino foi agraciado”, citou Villanueva.

No resort onde o gerente-geral Ricardo Almeida trabalha, também em Maragogi, a ocupação média neste segundo semestre é de 90% dos leitos, taxa de alta estação. “O primeiro semestre de 2016 já se desenha muito bem”, projeta. Oitenta por cento do público que chega ao hotel é formado por clientes nacionais, de Estados como São Paulo, Mato Grosso, Goiás, Paraná e Santa Catarina.

Almeida percebe, entretanto, que o número de hóspedes oriundos do interior desses Estados tem crescido significativamente. “O perfil do cliente deixou de ser aquele que mora na capital para aquele que reside no interior desses Estados, onde a economia é aquecida pelo agronegócio”, observou o gerente.

Alagoas

Lima e a esposa são de Pernambuco e também optaram por Maragogi
Lima e a esposa são de Pernambuco e também optaram por Maragogi

Para a secretária de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo, Jeanine Pires, a relação entre crise econômica e o turismo traz um impacto positivo no fluxo de passageiros domésticos a Alagoas.

Segundo ela, de janeiro a agosto de 2015, tanto a cotação do dólar quanto o índice de intenção de viagem (dado monitorado pelo Ministério do Turismo e divulgado no Boletim de Intenção de Viagem) atingiram os maiores percentuais em comparação aos últimos três anos.

A secretária cita que em comparação com o período de janeiro a agosto de 2014, os crescimentos da cotação da moeda e da intenção de viajar para destinos nacionais foram de 34,4% e 6,30%, respectivamente.

A mesma pesquisa, atualizada em agosto, mostra que 77,3% dos entrevistados pretendem viajar para destinos nacionais, destes, 44,9% disseram que querem seguir para o Nordeste.

“Na última grande campanha que participamos, o Turismo Week, que encerrou no dia 30 de agosto, Alagoas foi o segundo destino mais pesquisado pelos 500 mil usuários que acessaram a página da campanha”, destacou a secretária.

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